segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Macacos em patinetes

Não há maior demonstração de insanidade do que fazer a mesma coisa, da mesma forma, dia após dia, e esperar resultados diferentes.

sábado, 12 de julho de 2008

Damage

Você olha pro lado e o semestre já acabou. Quando vê, as férias também terminaram. Mas por enquanto tens que aproveitá-las. Tentemos. Mas a preguiça toma conta e só quer ficar em casa vegetando. Sei como é. Ou só quer ficar bebendo, indo em festas e mandando todo mundo se fuder. Sei como é. Conciliar os dois, talvez? Se tu quiseres pode tentar, mas não precisa.

Não precisa fazer nada. Nunca. Não faça nada. Deixe para os outros fazerem.
Faça tudo. Sempre. Toda hora. Não deixe os outros fazerem nada. Não deixe os outros fazerem nada. "Não deixe os outros fazerem nada", não é a mesma coisa que "deixem os outros fazerem tudo"?

Têm coisas que matam. Evite elas.
Seja aleatório e diga qualquer coisa. Os outros não precisam entender. Nem você.

Quem disse que as coisas precisam de um sentido? Essa pessoa mentiu.
Aliás, mentir é humano.

Espero que as teias tenham diminuído.

domingo, 20 de abril de 2008

A escola

A escola é incrivelmente igual. Não interessa a data ou a hora. Nem mesmo a pessoa. Sempre falando das mesmas mesquinhezas no mesmo horário com as mesmas pessoas. Talvez meus dias mais excitantes no colégio foram de primeira a quarta série, que quando começava um temporal era uma festa. Mas de 1º a 3º ano, não. Você tem vontade, no começo, depois vai pela amizade e às vezes nem isso.

De primeiro a terceiro ano minha vontade era nula. Eu tinha um colega, muito parecido comigo, a conversa típica era:
-Sabe qual é a minha vontade de fazer isso?
Não sei por que agente ainda respondia, mas sempre respondia, talvez pelo gosto da resposta, ou, por fazer o outro “feliz”;
-Qual?
Sempre variava “nula”, “zero” e quando a criatividade era alta “minha vontade é igual a chance da irmã Regina entrar e eu defenestra-lá ” mas era quase sempre;
-Nenhuma.

Meus colegas eram iguais a mim. Sem vontade. Ainda acho que eles tinham mais vontade do que eu, mas eles me acompanhavam de vez em quando. Agente tinha uma tática; Cada um ia chegando, e Deus, eu sempre era o primeiro, íamos nos sentando na escada. Uma cara mais sem vontade que a outra. Como tudo quase sempre começava por mim eu ficava olhando as pessoas passando, reparando nas fisionomias mais engraçadas, cansadas e sem vontade que podem existir. Não existe nada melhor do que a escola para encontrar todos os tipos de pessoas. Dava o sinal e agente ficava lá, com nossas caras amassadas e assuntos estranhos, até que alguém da disciplina vinha nos buscar. Acho que no terceiro ano virou rotina, alguém da disciplina já era encarregado. Imagino bem; antes de abrirem os portões uma reuniãozinha entre as disciplinadoras, todas preparando suas caras rabugentas, afinal elas não podiam viver naquele humor, e dai “AH! E quem vai tirar aqueles vagabundos da 310 daquela maldita escada?” alguém levantava a mão e todos se retiravam.

Chegada na aula era igual. Sempre. Preguiça. Quando, por algum forte motivo (provas, trabalhas e temas não feitos) eu não sentava na escada, entrava na sala com a mesma cara dos outros mesmos dias. Feia. Não era uma cara, era o que restava de mim as sete da manhã. Comprimentos? Eu tinha preguiça, falar também era um desafio. Olhares pra cá, olhares pra lá. Acho que eu checava se eram as mesmas pessoas, se ninguém tinha sido abduzido ou tivesse saído correndo do colégio e gritando.

Havia aqueles que nunca faltavam, aqueles que faltavam de vez em quando, aqueles que faltavam direto e aqueles que não vinham. Incrivelmente todos eram iguais. O cara que falta sempre e a guria que vem sempre? Iguais. Chegavam e faziam as mesmas coisas, falavam com as mesmas pessoas e davam os mesmos sorrisos.

A partir do segundo ano comecei a sentar com o Warken. Acho que foi a pessoa mais parecida comigo que eu achei, entre umas três mil pessoas daquele lugar. Ele era uma variação minha. As vezes eu tinha mais humor, outro dia ele. A preguiça sempre competia, mas confesso; acho que ele ganhava de mim na maioria das vezes, MAS eu não deixava barato. A idéia de escrever veio de uma conversa com ele. Nossas conversas iam de política, geografia e história (nossas preferidas) até ET’s, outros mundos e sempre, todo dia, tinha que ter uma viagem, as vezes eram boas como “Eu sou educado com todo mundo, ficaria feliz se os outros fossem comigo também, imagina se acontece-se” ou as melhores “imagina, entra a irmã Regina agora e diz “quem dizer o contrário de “titia” pode ir embora” “tinoite irmã!” "Liberados!". Essas eram as melhores. Bom, na verdade quando tinha uma dessas conversas é porque a manhã seria uma das melhores.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Atitude

As vezes agente pensa em algo super complexo e totalmente inusual, mas esquecemos que a verdadeira essência está nas coisas mais simples, quase que corriqueiras.
E se nada de diferente aconteceu? Então pergunto: você sabe dizer o que realmente está acontecendo?

Aquelas aulas de filosofia poderiam ser muito legais, mas não são,fazer o que então? Tentar não durmir. Bom guri. Aproveitar as oportunidades... "Estude mas continue vivendo. Viva mas continue estudando". Não sei se existe, deve existir.
Está acontecendo agora. Sempre esteve e nunca vai parar. Não é pra ficar com medo. Mas agente fica agitado. Dae vem um tal de Gorje, sabe se lá porque o "g" e o "j" trocaram de lugar, mas trocaram. Esse cara conta uma história que você queria saber o fim. Mas ele termina elaantes disso. Fica em aberto.

Isso não é legal. Mas por que não? Já te perguntou o que Michel Gondry faria numa situação dessas? Nem eu. Agente admira, mas ainda não pensa desse jeito. Michel Gondry pensaria.

Bum! Terminou. Vai pra casa. Quer dizer, hoje você só vai chegar de noite, espere mais um pouco. Mais um bom tempo. São 14:00 e derepente são 19:00. Chegou.
Do mesmo jeito a semana passou. Sexta-feira. SIIIIM! SEXTA-FEIRA!Todo mundo só quer pensar em beber. Mas você não. Mentira. É óbvio que você está pensando em beber. Então beba! Aproveita porque segunda já está aí. Pode ter um feriado, mas a terça também não é longe. Podemos beber sexta, sábado e domingo. E segunda. E terça, quarta e quinta. Não é aconselhavel, mas podemos.
Enfim, ainda é quinta, mas logo mais será sexta.

Pois é, já é sexta. E o que aconteceu? A aula de filosofia não foi tão ruim assim. . O que antes era chato continua sendo agora, mas você passou a gostar. Não faz sentido. Mas quem disse que precisa fazer?

Está na hora de preparar a mala

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Na tomada

O fim de semana enfim tinha chegado. Sem mais genética, funções matemáticas ou leituras obrigatórias, aqueles dois dias de glória e graça, em que a gente gruda na tomada e recarrega para os próximos dias "úteis". O convite para aquela festa já vinha de tempos atrás, mas até agora eu estava um tanto quanto ressabiado. Sim, pois uma festa hippie em território desconhecido pode acabar em alegria ou desastre. Mas não é assim em todas as festas?

A festa seria no fim do mundo, porque é uma palavra feia. Nada que em algumas horas o trem não torne um lugar próximo. No pré-encontro em Dortmund já aconteceram coisas poucas casuais. Três protestos em um só dia não é normal. Tive que esconder meu casaco de pele, parte da roupa de hippie, dos protestantes a favor dos bichos, paramos para ver o que acontecia naquele protesto antiracismo e antixenofobia, mas não paramos para ver de perto o antiprotesto neo-nazista que acontecia no lado.

Ok, feito o que devia ser feito, o trem nos leva um longo caminho até uma cidade, o outro trem até uma vila, o ônibus até um povoado e os nossos pés até o lugar onde a festa acontecia, a mil quilômetros do mundo, mas no mesmo país que Andernach. Depois de deixar as coisas na casa onde pernoitaríamos, lá vai aquele cômico grupo de pessoas nascidas em 90 mas saídas dos 70.

Por essa eu não esperava: pagar cinco para entrar no salão de festas alugado. Sorte que eu tinha algumas moedas perdidas no bolso, aquelas que sempre estão ali para uma emergência como essa. Esse foi o ponto negativo da festa. O ponto positivo foi ir ao balcão, pedir uma cerveja, ouvir um "pega" e ver um dedo apontado para a torre de caixa de cervejas.

Aquela menina, já tinha visto ela em algum lugar, mas onde? Sempre fui ótimo em lembrar rosto, caras, as feições mais peculiares e as características mais vulgares, mas os nomes sempre foram um desafio para mim. Na verdade foi ela quem me viu passar e que me chamou, pelo nome. Nessas situações o melhor a se fazer é perguntar mesmo o nome. Mas como ela se chamava mesmo? Ela era uma das três aniversariantes. Sim, as aniversariantes eram três. Eu, que só esperava por uma, estava contente.

Meu tocaio e eu nos sentamos na roda de sofás e ficamos degustado os comes e bebes, mais uns do que outros. A festa continuou como uma festa. A caixa de som tocava às vezes as músicas da banda da minha camisa, e tudo ia numa boa. Não sei mais ao certo porque motivo acabei com a "segunda aniversariante" no banheiro, no campo de football, na plantação e por fim de volta à festa. O lugar estava mais cheio, e uma outra menina grudou em mim e começou com aquela ladainha "isso é pele de animal?". Por mais que eu dissesse que se tratava de produto artificial ela não desistia. Foi só quando cheguei em casa que descobri que ela estava certa, mas isso já são outros quinhentos, e também não precisava me atazanar tanto!

E a festa continuou continuando como uma festa. Quando o sol começava a penetrar nas janelas do salão ainda éramos uma dúzia de humanos cheios de memórias, cheios de esperanças, cheios de humilhações e triunfos mergulhados em líquidos alucinógenos.

Já era hora de recolher aqueles cacos de vidro daquela única garrafa espatifada solitariamente. O sol nascia tão lindo, fomos ver as redondezas. Nada, depois do campo de football, uma ou duas casas, uma ruazinha e um mar de plantações, cortados pela estrada de ferro. Vendo aquilo eu precisava. Era mais forte que eu. Não conseguia controlar minhas reações. Era mais forte que eu. O sonho de criança precisava ser realizado. Era mais forte do que eu. Lá fomos nós, a segunda aniversariante se equilibrando em um os trilhos, eu saltando cada uma das barras da estrada de ferro, e o sol continuava desafiando o morro que tapava a antena de rádio. O trem não veio.

Na mesma casa dormiam cerca de uma dúzia de pessoas. Algumas no tapete, outras em colchões, três ou quatro na cama. Depois de dormir três horas, conversar na cama, levar um susto ao ela quebrar sob o peso de seis ou sete pessoas, tocar piano, violão, xilofone e tomar o café da manha, alguém anunciou, palavras doloridas:
- Pois é, agora temos que arrumar o salão...
Olhando a chuva lá fora, o estado acabado dos participantes da loucura, as cordas do violão, a nossa reação foi rir, de medo. Mas era verdade. Por fim não foi tão ruim, ainda que tendo que enfrentar a chuva. Parte da arrumação era ajudar a acabar com os cachorros-quentes e as cervejas sobrantes, ou restantes, trabalho que coube ao meu tocaio e eu, por vontade própria. Cada um ajuda como pode.

Em fim era chegada a hora de se despedir. A chuva havia ido embora e o sol brilhava mais uma vez. Sentados à beira da estrada de ferro do sonho, nos despedimos. Pegando o ônibus percebemos que estávamos mortos. Aquele pequeno grupo, ainda com rastros hippies, nascidos em 90 mas saídos dos 70, voltava para casa, depois de um fim de semana grudado na tomada.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Olá beatniks!

Olá a todos do blog!

Este, não tem o intuito de ser apenas mais um blog "cult" na web. Ele representa para nós e para todos que se juntarem a corrente, um estilo de vida a ser preservado e adquirido.Uma maneira de vivemos sem tanta interferência do mundo consumista, cego e infeliz! Este blog já estava nas nossas mentes fazia muito tempo, como forma de outros pensamentos e ações

Uma corrente de pensamentos, idéias e ideais que queremos compartilhar, queremos mostrar o lado de quem quer viver...

Vivemos numa era totalmente digitalizada, fria e sombria
A iluminação só pode se dar através de nós mesmo!
Então LEIA,discuta, participe, viaje, viva como tu sempre quis!
A nossa alma é o nosso conhecimento!

Somos também uma geração!
O que teremos a contar?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

John Fante, Pergunte ao Pó (Ask the Dust)

"Subi ao meu quarto pelas escadarias poeirentas de Bunker Hill, passando pelos prédios de vigamento de madeira cobertos de fuligem ao longo daquela rua escura; areia, óleo e graxa sufocando as inúteis palmeiras enfileiradas como prisioneiras agonizantes, acorrentadas a um pequeno retalho de chão com pavimento negro escondendo seus pés. Poeira, edifícios velhos e pessoas velhas sentadas à janela, pessoas velhas cambaleando para fora de casa, pessoas velhas locomovendo-se penosamente ao longo da rua escura.(...) Os desenraizados, os tristes e vazios, os velhos e os jovens, o pessoal da terrinha. Estes eram meus conterrâneos, estes eram os novos californianos. Com suas camisas pólo em cores vivas e seus óculos escuros, estavam no paraíso, pertenciam a ele."

"Pergunte ao Pó", como muitos outros livros da geração beat, é explicitamente autobiográfico. Escrito em primeira pessoa, a história é contada por Arturo Bandini, um jovem aspirante a escritor que sai de casa e vai morar na Los Angeles de 1939, em um pequeno quarto de aluguel barato, com uma cama, uma janela que serve de entrada alternativa, um armário e uma máquina de escrever.

"Os dias magros, céus azuis sem nunca uma nuvem, um mar azul dia após dia, o sol flutuando através dele. Os dias de fartura - fartura de preocupações, fartura de laranjas. Comidas na cama, comidas ao almoço, engolidas como jantar. Laranjas, cinco centavos a dúzia. Luz do sol no céu, suco do sol no meu estômago. No mercado japonês, ele me via chegando, aquele japonês sorridente com rosto de lua, e pegava um saco de papel. Um homem generoso, me dava às vezes quinze, às vezes vinte por um níquel."

Bandini mora sozinho, e "em um bar onde os velhos se reuniam, onde a cerveja era barata e choca, onde o passado permanecia inalterado" ele conhece Camilla, uma garçonete mexicana. Jovem e confuso, ele se apaixona por ela mas ao mesmo tempo a odeia, com misturas de sentimentos fortes.

O livro é escrito de forma espontânea, e as frases fluem, se encaixam umas nas outras e seguem todas juntas, marchando através das páginas sem perder o ritmo. Um livro escrito sem filtros, quase impulsivo, os sentimentos do autor direto para as páginas. A melancolia e preguiça do clima quente de Los Angeles são retratadas de forma genial, é possível sentir o ar seco e abafado, a areia e o pó sem ajuda do vento para ir adiante.